Revolução Industrial influência a Arquitetura Moderna

Trata se de se discutir no presente artigo a Revolução industrial e a sua influência sobre a sociedade moderna, e principalmente da influência da industria sobre a arquitetura moderna.Partindo de uma análise materialista da história , será debatido como a arquitetura moderna busca atender as necessidades da sociedade pós-revolução industrial , onde o adensamento populacional , a mudança nas relações de produção econômica , as novas técnicas e a utilização de novos materiais construtivos geram um novo paradigma arquitetônico.

O método de análise escolhido, o materialista histórico, não é aleatório. As mudanças sociais (no caso, arquitetônicas) devem ser vistas do olho da realidade material e da produção econômica.

Citando Eric Hobsbaum : “...isto é a capacidade crescente da espécie humana de controlar as forças da natureza por meio do trabalho manual e mental, da tecnologia da organização e da produção.”

A partir disso é compreensível que se olhe para o objeto de estudo apresentado sob a perspectiva do constante esforço da humanidade em atender as necessidades por meio do desenvolvimento das técnicas e dos materiais construtivos.

A revolução industrial foi de fato um dos elementos primordiais do acontecimento da sociedade moderna. Na metade do século XVIII começa o processo de industrialização na Inglaterra que foi o primeiro país a iniciar com a indústria. Neste período a ciência passa a ser na Europa, o instrumento do ser humano para entender melhor a natureza e usar ela para o seu próprio conforto, e então a ciência e os seus derivados conseguiram demonstrar que o homem podia transformar a natureza para a sua vontade, Gottgried Semper diz:

“Infatigável, a ciência enriquece a si mesma e à vida com novas descobertas de materiais úteis e forças naturais que operam milagres, com novos métodos e técnicas, com novas ferramentas e máquinas. Já se tournou evidente que as invenções não são mais, como o foram em outros tempos, meios de satisfazer necessidades e fomentar o consumo; pelo contrário necessidade e consumo são os meios de comercializar as invenções .A ordem inverteu-se.”

Mas a sociedade ainda bastante religiosa foi um certo tempo resistente às criações que a industria realizava. Teve então todo um processo para convencer a sociedade de que ela podia mudar, em melhor, se redesenhar. Foram organizadas grandes exposições dos produtos industriais,palácio da indústria na França foi apresentado na exposição universal de paris em 1855

para apresentar as evoluções da indústria, mostrar que o homem podia conseguir uma vida muito melhor com menos custo (graça às máquinas) , e a criação de empregos pela industria numa sociedade problemática.Durante a Revolução industrial então, o progresso técnico transformou radicalmente as construções de maneira geral.A arquitetura e a engenharia sofreram vários conflitos pois o objetivo tinha mudado, o objetivo agora era colocar a natureza ao serviço do homem para melhorar s condições de vida da sociedade, então a produção em massa não envolvia tanto arquitetura quanto a engenharia, e a engenharia era o meio de produção mais rápido e eficiente.O Art Nouveau vai chegar depois para ser o objeto dos protagonistas das artes para conseguir um consenso entre os três elementos, as artes, a arquitetura e a engenharia.As facilidades que a industria trouxe com ela fez com que tinha possibilidades de fazer estudos mas precisos sobre a resistência dos materiais novos, o avanço geométrico permite a representação extremamente precisa no papel, do que se espera construir (cabe dizer aqui que construir está empregado no sentido mais amplo da palavra), houve um aumento muito grande do número de profissionais treinados com a instituição de escolas especializadas na área de construção.

Todo esse salto, além de possível ser feito, era necessário. A revolução como foi dito, mudou profundamente as relações sociais. O aumento da população urbana nas grandes capitais é brutal, e com isso, se fez sentir necessário uma expansão(muito rápida) urbana.Fruta dessa expansão urbana, cresce o número de transportes para toda essa massa, com indústria podia se construir vias mais largas, mais rápido, crescem o número de ferrovias ,tinha mais funções públicas, e uma vez que o governo deve crescer com a expansão urbana , esse aumento das funções públicas exige por sua vez empreendimentos cada vez maiores para atender as necessidades, o que gera um outro fator extremamente importante: o aumento brutal da população cria um número jamais visto de casas.Os novos materiais , a racionalização e a arquitetura entram então no jogo.

Com esta situação colocada, é evidente que a questão do tempo era fundamental. As obras devem ocorrer de maneira rápida e eficiente. Assim, é necessário uma racionalização da construção, e os engenheiros (principalmente) e os arquitetos tinham a possibilidade de realizar isso com o desenvolvimento (aqui foi possibilidade de empregá-los em larga escala) de novos materiais, como o aço, o vidro, e o concreto, para citar os mais importantes, era possível uma fabricação praticamente industrial e seriada de edifícios.

Um dos maiores expoentes desta produção pós Revolução Industrial, que utiliza e demonstra essas técnicas e estes novos materiais construtivos é a Torre Eiffel,

exposição 1889

do francês Gustave Eiffel, em Paris. A torre, monumento simbólico da arquitetura moderna, foi primeiramente vista com maus olhos pela sociedade e até mesmo pelos acadêmicos conservadores ; contudo ela expõe de fato o ideal da arquitetura moderna.Feita toda em estrutura de aço, foi pensada de maneira altamente racional , de maneira que sua forma visa suportar toda a força do vento, já que possui 305m de altura.Desta forma, o projeto confirma claramente a intenção de explicitar as renovações e o desenvolvimento das técnicas e dos materiais construtivos.Este é apenas um dos vários exemplos de projetos que comprovam o fato desta resposta da arquitetura moderna às necessidades sociais econômicas da época.

Citando Frampton:”um fator crucial para esse desenvolvimento da relação arquitetura e industrialização foi a fundação, em 1883, por Emil Rathenau, da AEG em Berlim.

AEG Berlim 1911

Essa companhia de eletricidade cresceu muito no espaço de sete anos, transformando-se num grande complexo industrial com uma vasta gama de produtos e interesses que se estenderam pelo mundo todo”.

“Ao ligar-se à AEG, Peter Behrens defrontou-se como fato brutal do poder industrial.Em lugar de seus projetos juvenis de revitalizar a vida cultural alemã, através de um ritual místico, cuidadosamente apresentado, teve de aceitar a industrialização como destino manifesto da nação alemã.”

Quando se olha a história da arquitetura moderna alemã, é notória a participação da indústria como fato pré-determinante ao uso dos novos materiais e racionalização construtiva. Mesmo sendo que no inicio da sua época industrial a Alemanha teve que aceitar críticas, as vezes duras sobre as suas fabricações, referendo ao Kenneth Frampton: “Na Centennial Exibition de Filadélfia, em 1876, os produtos industriais e de artes aplicadas alemães foram considerados inferiores aos da Inglaterra e dos Estados Unidos”

e Franz Reuleaux: “os produtos alemães são baratos e grosseiros” , para citar só estes.

Peter Behrens ainda que com um tom pessimista entende a necessidade desta industrialização como caminho do progresso construtivo.Ao ligar-se a AEG, ele se dispara com a possibilidade da racionalização dos processos construtivos.Tanto que depois, em 1910 seu aluno Walter Gropius apresentará para a própria AEG um memorando sobre a produção racionalizada de casas, e até hoje é de extrema importância para a análise sobre os fatores que pré-condicionam a produção de casas padronizadas.Como dito antes, essa idéia de padronização é um dos lemes da arquitetura moderna, uma vez que era necessário se produzir rapidamente.

Para finalizar podemos dizer que falar da indústria como genitora da arquitetura moderna seria exagerado, mas a arquitetura moderna sem a indústria talvez não existiria.Provavelmente, o desenvolvimento rápido da industria foi o maior fator de mudança da sociedade moderna , as melhoras nas condições de vida que ela traz, o conceito de racionalização que a ciência cada vez mais desenvolve e desmistifica a natureza enquanto ser a endeusar,mudaram o mundo e a sua história de maneira radical passando de uma faz a uma outra completamente diferente sendo uma mudança jamais vista na história da humanidade.

Artigo escrito por Marco Túlio Sousa Costa e Abiola Akandé YAYI

Bibliografia

FRAMPTON, Kenneth.História Crítica da Arquitetura Moderna.São Paulo: Martins Fontes 1997

HOBSBAWN, Eric. Sobre História. Brasil: Cia das Letras